Um dos políticos mais habilidosos da oposição no estado, o ex-secretário e ex-deputado Clodomir Paz não suportou o tratamento que vem recebendo de seu partido, o PDT, e decidiu expor toda sua insatisfação. A gota d’agua foi seu desligamento da comissão provisória estadual da legenda, sem nem mesmo ser comunicado.
Seu desabafo ganhou destaque na página 3 de o Estado publicada na edição de ontem e um post no blog do jornalista Marco D’Eça. Diante da nova realidade imposta pelo novo comando pedetista, Clodomir já admite, inclusive, a possibilidade de deixar a legenda. “O momento é de repensar minha filiação partidária, minha atual posição no PDT”, afirmou.
Habilidoso, leal ao partido e com fama de cumprir seus compromissos, Clodomir despertava desconfiança no grupo mais ligado ao ex-governador Jackson Lago.
Filiado desde 1997 no PDT, o ex-deputado era uma de seus quadros mais ativos. Coordenou todas campanhas vitoriosas de Jackson Lago em São Luís e as de governo desde 2002, vencendo a de 2006. Foi candidato a prefeito em 2008 obtendo cerca de 10% dos votos. Mesmo assim, sempre teve que enfrentar disputas internas para ocupar espaços e nunca teve o reconhecimento do parido.
As traições
Em 2006, foi esse grupo que pressionou e convenceu o então governador Jackson Lago a descartar Clodomir Paz da Casa Civil, nomeado em seu lugar o ex-deputado Aderson Lago. Clodomir se recolheu e engoliu a traição. O compromisso de assumir a Casa Civil foi feito pelo próprio Jackson, que não cumpriu.
Em 2008, outro golpe articulado pelo grupo de Jackson. O então prefeito Tadeu Palácio escolheu Clodomir Paz como candidato do partido para disputar sua sucessão. Era a grande chance do PDT comandar estado e município. Mais uma vez o grupo de Jackson trabalhou para impedir a ascensão de Clodomir. Eles não aceitaram a indicação do prefeito e inventaram a candidatura do professor Moacir Feitosa. Clodomir venceu as prévias do partido por dois votos, impondo uma dura derrota ao então governador Jackson Lago e seu grupo.
Mas a traição não ficou por aí. Momentos depois da vitória de Clodomir, Jackson Lago afirmou em discurso que a partir daquele momento todo o PDT trabalharia para eleger Clodomir Paz prefeito de São Luís. Pura retórica. Para impedir o êxito na campanha, Jackson não cumpriu a parceira firmada com Tadeu e decidiu apoiar o candidato do PSDB, João Castelo. Bem colocado na primeira pesquisa Ibope, Clodomir Paz teve que ver sua campanha definhar. Talvez tenha sido a primeira vez que um governo trabalhou contra seu próprio partido para destruir uma pessoa. No ano seguinte, Jackson é casado. Sem poder, o PDT se enfraqueceu e deixou de ser um partido forte no Maranhão.
Crise e um novo dono
Após a morte do ex-governador, o PDT mergulhou num mar de crises internas. Dividiu-se em três. O hoje deputado federal Weverton Rocha levou a melhor e hoje é figura como o dono do partido. Aquele grupo que controlava o partido perdeu om poder, não mandam mais. Mas, continuam por aí com o mesmo papel de bajuladores, com uma diferença, eles não influenciam em nada, apenas cumprem as ordens de Weverton Rocha.
Apesar de não terem mais o poder de influenciar como antes, o mesmo grupo continua a perseguir e anular Clodomir Paz, e até que surte algum efeito, já que Weverton também trabalha para ver Clodomir longe da legenda.
Ao que tudo indica o novo comando do PDT parece querer se livrar dos chamados históricos e assim abrir espaço para uma nova safra, disposta a obedecer ao novo dono da legenda, o deputado federal Weverton Rocha.
Históricos
Além de Clodomir Paz, vários históricos do partido já manifestaram insatisfação com os atuais rumos do partido. Anteontem, o ex-secretário –geral do partido Candido Lima anunciou seu desligamento. Históricos como Reginaldo Telles, Josemar Pinheiro e Chico Leitoa também mantem-se afastados da legenda. Destes, apenas Abdalaziz Santos anunciou desligamento, mas recuou e pediu apenas licença.
(Do blog, com informações e fotos de O Estado)